Já começaram as chuvas… e o meu coração ficou ainda mais inquieto… penso e agora como estão os milhares de animais de rua espalhado por este pais… estão ainda mais tristes, estão certamente molhados, e vão adoecer… Suspiro, e por mais que inspire o ar, ele não chega para encher o meu peito, para acalmar esta dor, que teima em crescer, e teima em tomar conta do coração da alma e de tudo que tem vida em mim… E no meio de tudo, ainda fico revoltada comigo própria, porque estou a escrever estas palavras a falar de mim, e da dor que sinto! E eles… que pensam eles, que podem eles pensar, quando o dia é feito de fome, medo, frio, mau estar, e de um cinza profundo que lhes invade a alma e ou deixam com aquele olhar de desespero, que entra em mim, e que não consigo deixar de lembrar… é como se fosse um eco, que vem do fundo e permanece sempre, sem ter hora de dormir, sem ter hora de comer, sem ter hora de não sentir…
O mundo é tão pragmático como anedótico… por um lado morrem de excesso de comida, por outro morrem de fome… mas o mais estranho, é que se faz mais esforços e investigações para ajudar os que morrem de excesso, do que os que morrem de não terem nada…
O mundo é tão cómico, que é preciso um rei deixar o protocolo e a diplomacia de lado, para mandar calar um pateta que nem sabe bem o que diz, só sabe que diz e o mundo ouve… E no fim, o pateta sai magoado, e continua a ser mais pateta, e o mundo continua a ouvir as patetices…
O mundo é tão vazio, que todos estão preocupados em abolir a pena de morte aos humanos que matam, violam, e cometem as atrocidades mais abomináveis contra a própria humanidade… No entanto, diariamente mandam animais para a pena de morte, para o abate, porque são abandonados, porque prolifam nas cidades sem controlo, porque nadam nos pântanos que eram deles à milhares de anos, mas que agora alguém resolveu construir um condomínio privado… e nisto, ninguém fala, ninguém grita, ninguém ouve…
A natureza está zangada, farta da nossa existência parasita desenfreada, todos os dias imite sinais de alerta, e ninguém ouve ou quer ouvir…
Neste preciso momento, estão milhares de animais a ser mortos em frente aos filhos, por homens com facas, tacos de madeira, ferros, eléctrodos, ou injecções…
Neste preciso momento, estão milhares de animais a ser expulsos dos seus habitas naturais, e já não tem para onde ir….
Neste momento estão mães e pais com os seus filhos a morrerem nos braços, de fome, sida, sede, dor…
Neste momento, eu, tu, nós… estamos a contribuir para que tudo isto possa ser feito pelo simples facto de não fazermos absolutamente nada, para o impedir, ou até para o não permitir…
Vamos fazer alguma coisa?
Lisboa, 21 de Novembro de 2007
Sandra Duarte Cardoso
www.sosanimal.com
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