Quarta-feira, 26 de Outubro de 2005

Antes de lerem, vejam esta pequena trailer!
http://www.ekincaglar.com/coin/flash.htmlNão vou começar este artigo a dizer que vamos mudar o mundo, nem vou dizer que juntos venceremos, ou mesmo que a união faz a força, nem sequer mencionar uma frase que vimos numa das paredes do Orfanato no Algarve, e que me tem acompanhado desde dessa altura!
Que tem de alguma forma fomentado a esperança, a crença de que podemos fazer alguma coisa
Vou apelar directamente as nossas consciências, a cada uma delas, e a todas em conjunto
porque se somos indivíduos singulares e únicos, somos também uma espécie, um grupo, uma sociedade, um mundo
Peço-vos para com estas imagens tentarem sair do mundo que vos rodeia, e tentar imaginar o que é não ter absolutamente nada
ou quase nada
porque enquanto há vida existe esperança, existe o sonho que pode ser diferente, pode melhorar!
Não sou melhor que ninguém, nem sequer faço o suficiente ou talvez nem o mínimo
tenho que consciência que poderia fazer muito mais, e que não o faço, porque embora consciente, ponho a minha vida e o mundo primeiro, tento fazer opções, tento conciliar tudo, mas fica sempre algo por fazer, algo por dizer, algo por pensar
Já não sei se é falta de tempo, se é egoísmo, se é cansaço de ser tudo tão difícil... por ser tão complicado chegar ao que interessa, perco tanto tempo e energia com obstáculos, que por vezes não consigo chegar ao objectivo
seja ele tirar os cães do canil, travar mais uma luta com outro canil, encontrar solução para um animal, ajudar os meninos que perdem a sua infância nas instituições, trazer o Tomás para mim, reunir objectos que possam minimizar de alguma forma todas as carências que têm, mostrar ás pessoas como se pode fazer alguma coisa, desmistificar os tabus que existem em torno destas questões sociais delicadas, travar discussões com pessoas que falam de coisas que não conhecem, que jamais sentiram, que jamais tocaram
Mas que por educação, teoria, estupidez ou mesmo teimosia, insistem em boicotar a mudança de atitude social, civil, ecológica
humana!
Reitero, pela vigésima vez, não tirem conclusões pelo que é institucionalizado na nossa ou noutras sociedades, não aceitem tudo tal como é, não pensem que a vossa atitude não faz diferença, não sigam o caminho mais confortável ou mais fácil
pode parecer que é, mas no fundo não pode ser
Se pela nossa liberdade e bem estar, tiverem que lutar milhares, tiverem que tombar outros milhares, tiveram de passar séculos, não podemos negar isso aos outros, que são tantos, essa oportunidade, esse direito!
Não podemos deitar no lixo as roupas e os brinquedos dos nossos filhos, nem podemos deixar que eles cresçam a pensar que o importante é ter tudo, que não saibam o que se passa por este planeta fora
Que morrem crianças a cada segundo de fome
Que no nosso pais existem milhares de meninos sem pai, sem mãe, sem brinquedos, sem caminha, sem comida, sem leitinho
sem nada
com muito medo, com frio, com sede, com fome
doentes, abusados, abandonados á sua sorte, nas ruas dos bairros onde cada esquina existe droga, violencia, prostituição, horrores que muitas das vezes nem sabemos até onde vão
Pensem no que podem fazer
não ignorem
Sandra Duarte Cardoso
Quarta-feira, 19 de Outubro de 2005

Já vos aconteceu, querem algo muito, por muito tempo e quando finalmente parece ter acontecido, já não a querem?
Ontem experimentei isso com um envelope que veio de longe
que continha um dos meus projectos, uma das minhas ambições
algo que quis durante muito tempo e para a qual andei a preparar a minha vida nos últimos tempos
Quando vi a carta, o meu coração disparou
por instantes fiquei radiante, orgulhosa, vitoriosa! Por fim, chegara o que andei a aguardar meses
Peguei na carta para abrir, e pensei em ti
pensei que já nada é igual ao que era afinal, e que a minha maior prioridade, tinha passado a ser um obstáculo
gelei!
Sentei-me na entrada do prédio, e liguei-te e pensei que queria que estivesses ali para abrir comigo o envelope, para dizeres o que eu já sei
Vai, estou contigo
!
Antes de ligar pensei; Vou, tenho de ir, é algo que posso não puder voltar a ter
é a minha vida
! Quando ouvi a tua voz
perdi as certezas, perdi a vontade e já nada fazia sentido
abri, li
e disseste o que eu já sabia que dirias, ficaste como eu já sabia que ficarias
a grande diferença fui eu
Num segundo tudo ficou claro em mim, não vou
não é algo essencial para a humanidade, não é algo que faça diferença a minha participação
e estar contigo faz toda a diferença na minha e na tua vida
na nossa, naquilo que sentimos e sonhamos
por tudo isto, rasguei a carta ainda a falar contigo e tive uma única certeza.
Têm de ser algo que faça diferença na vida dos outros, não só na minha
não vou só por ganhar dinheiro ou para ter aventura, tal como ansiava a 2 meses atrás! Só vou, se com isso mudar a vida de alguém, se for para contribuir para o que acredito e defendo, se for é por algo superior a minha existência
Porque isso é superior a tudo, e se for necessário a minha vida, eu dou, estou lá!
Sou egoísta tal como digo, claro que sou... É só olhar para o meu guarda-roupa, a quantidade de porcarias que preciso
como sou vaidosa e fútil, como quero as atenções para mim.. Como preciso de conforto
Acho que só deixaria de o ser, para ir para o inferno ajudar os que precisam de mim
Só deixaria de ser egocêntrica por algo muito superior a minha existência
Sou uma privilegiada, que teve tudo, que as dores que senti podem ter sido grandes, mas jamais comparáveis à dor da fome, do medo, da tortura
da morte
De ver morre quem mais amas á fome á sede, ao frio
Por agora fico aqui
não consigo ir embora, quero ver até onde vai isto que cresce dentro de mim
Sandra Duarte Cardoso
Terça-feira, 18 de Outubro de 2005
Sexta-feira, 14 de Outubro de 2005

O Marques de Pombal anda ao rubro!
O prédio, outrora cheio de paz e silêncio, foi basicamente vandalizado pelo gang que acompanha a proprietária de uma das fracções!
Quando foi viver para lá, as velhotas eram meiguinhas para mim, e chamavam-me de Doutorinha! Agora quando me vêem nas escadas apanham sustos!
Lindo, já não bastavam umas gajas que por acaso são as minhas best frends, andarem a simular orgasmos pelo corredor a fora, enquanto tentavam tirar o cimento q ficou agarrado ao chão, tinha que vir o gang da ajuda!
Durante a semana, as velhotas devem entrar em desespero, porque um senhor grita socorro estou a ser violado as tantas da noite! O Tristão uiva quando saiu de casa e põe os cães todos da vizinhança em loucura e coro! Para colmatar o quadro, o gang da ajuda vai para lá, tirar fotos aos cus e ter as conversas mais escabrosas que existem!
Ou seja, a merda da porta da rua não esta isolada, e o prédio todo partilha aquela merda!
Resumindo passei de Santinha a tarada sexual que tortura o namorado, que tem amigos delinquentes e amigas ninfos!
Enfim, depois ficam admiradas que a Menina Traveca da rua ache que é tudo PUTEDO!
Sandra Duarte Cardoso
Quarta-feira, 12 de Outubro de 2005
Palavras uma vez ditas não têm retorno. As escritas então, vão durar uma eternidade. Por isso é bom se colocar no lugar de quem vai ouvir e dizer, dentro do possível, só aquilo que gostaria de escutar.
As palavras podem ser flores ou facas, depende da entonação ou intenção, não exactamente do que está sendo dito, mas da forma que vai tomando.
Palavras são donas de guerra ou de paz, de notícias felizes e de grandes tristezas. São nossa expressão e o que nos diferencia no reino animal, e de posse dessa informação aproveito a palavra ser humano, para verificar com exactidão o que quer dizer e o Aurélio explica que ser humano é relativo ao homem, humanitário, que por sua vez ama os seus semelhantes. Pois a palavra deveria ser essa expressão já que foi completamente inventada em várias línguas, podendo dizer o que quiser de várias formas, deveria ser amorosa e educada mesmo quando não fosse, sair devagar e pausada de forma a ser compreendida e não enganada.
A palavra pode estar velada pelo engano ou ser de tal sinceridade que detone uma guerra onde depois não existem culpados. Medir palavras com a métrica do equilíbrio não é garantia indolor, mas pode ser de bom resultado.
A palavra às vezes cabe melhor no silêncio, que é onde mora a prudência e o recato ou até uma dor que precisa de seu tempo calada. Feita só de letras, mas dotada de força impressionante nos exprime e as nossas ideias, que apesar de ficarem um pouco tolhidas pelo peso de serem ditas, dão forma aproximada daquilo que estamos querendo.
As palavras compram e vendem mesmo sem ser dinheiro. Elegem, corrompem, tornam-se depoimentos e matéria de disputa. Emprestam sentido dado por antigos donos a situações novas. Acusam, conciliam, enfim criam esse mundo apenas com letras que vão se entrelaçando e aquele que conta um conto aumenta um ponto e assim vão andando, descontroladas, quase donas da vida própria. Às vezes são de consolo, e é verdade que uma dor passa quando se tem as palavras correctas e viram remédio que cura.
Vem ainda acompanhada do movimento de corpo, o body language, que talvez por ser em inglês às vezes fique mal interpretado e aí a palavra dita fica irrecuperável diante do erro, em maus lençóis mesmo, falando uma coisa que quer dizer outra.
O facto é que antes de dizer qualquer coisa é bom um momento, uma medida, um olhar para dentro. Sair um pouco de si e escutar o que se tem a dizer ou escrever para que não se torne um engano e nem faça sofrer. Uma higiene da alma, digamos. Não precisa vir cheia de certeza nem duvidosa, vai depender do momento. Vai depender da intenção que pode durar mais, muito mais do que o tempo que estamos dispostos a conceder.
Luísa Coelho
Terça-feira, 4 de Outubro de 2005
Na minha vida tenho feito merda com fartura! Ou seja
tenho cometido os erros todos que tinha de cometer
erros de miúda, erros de adolescente erros de pré adulta!
Erros de toda a espécie
por estupidez, ignorância, mania, insensatez, loucura
Mas estou aqui em pé, de cabeça erguida, assumo todos, sem deixar um único cair no chão! Porque também fazem parte de mim, porque também são células do meu corpo e da minha alma
Assumo tal como sou, não sei se sei tudo sobre mim, nem sequer gosto de tudo ou tenho orgulho em tudo
mas assumo! Sou assim.
É por isto que só posso ter uma conduta na puta da vida! Cabeça erguida, transparente em tudo e com todos!
Não vou lamentar nenhum dos tais erros, mesmo que alguns deles me custem uma guita em advogados, porra, são meus, e não me arrependo dum caralho! Fazia tudo outra vez!
Porque se fiz, houve alguma razão para o fazer!
TAL como existiu de certeza, uma razão para esconder em mim o que sentia, para não mostrar tudo, para não gritar do cimo da montanha!
Comigo tudo é muito, vocês têm razão, ou me amam muito ou me detestam muito! Não dá para gostar de mim, ou para também gostar de mim! Sou uma espécie de barragem, quando a abres já sabes que vou inundar essa merda toda!
Por isso ou tens força para aguentar a comporta, ou desiste antes de a abrir!
A água é limpa, juro que é! Pode ser apenas potável para alguns, uma vez que só um estômago bom e forte me pode beber, mas é limpa! É como a água da terra do meu pai, sai directamente na nascente, só alguns podem beber, nenhum morre, mas há quem fique com uma caganeira do caraças!
Portanto sou isso, água, forte e muita, que ou imunda de alegria ou dá caganeira e rebenta com tudo!
Amigos, ainda não sei o que vim para aqui fazer, nem sei o que vou fazer com o tempo que a natureza me deu, tento que seja aproveitado da melhor maneira, que sirva para fazer alguma coisa de jeito neste mundo tão cheio de necessidades
tão cheio de sede
mas vou passar por aqui limpa até ao fim, foda-se vou mesmo!
Não mudo, nem desisto! Se calhar amanha vou para o meio da Africa e percebo porque tudo isto têm de acontecer, se calhar amanha parto para o Kosovo e percebo que não era aqui que tinha de ficar, ou ainda daqui a 20 anos estou sentada ao teclado a escrever e percebo que o meu lugar até é aqui, por alguma razão que ainda desconheço, por alguém que já conheço ou vou conhecer, mas não vou ficar aqui parada à espera que venha, vou seguir todas as pistas que me foram dadas, vou escavar para encontrar mais pista, e sempre, mas sempre, que a puta da peça do puzzle faltar, vou esgravatar até encontrar! É assim,quando o puzzle se formar, percebo, nunca sei tudo mas fico com uma ideia e sigo em frente, pronta para encontrar a resposta à próxima pergunta, a peça mestra do próximo puzzle!
Não estejam preocupados comigo! Sou uma sobrevivente, vou sempre na linha da frente e não tenho medo de cair ou de ser derrubada, porque sei, que em mim vive a força que faz levantar sonhos, que move mundos e traça linhas na mão!
Se demoro uns dias, deixem lá, não sou de ferro, sou de carne, sangue, com coração e alma!
Não pensem que é o facto que me entristece
nada disso, comigo tudo o que amo vive solto, para ficar só enquanto quer
e se voar para sul é porque tinha de ser!
O que entristece é pensar que olho para as coisas com olhos novos, limpos, sempre com a esperança que o mundo é lindo, que as pessoas são boas, que tudo vai ser especial e diferente, porque não existe razão para não o ser! Porque se tudo é feio, articulado, manipulado, dualista e desonesto
para que viver, para que partilhar, para que crescer!
São estas as minhas interrogações! Mas ainda não tenho a resposta! Por isso, em pé atrás dessa gaja difícil!
Não desisto nunca gajos, e jamais ajoelho! Se tiver de tombar vai ser de pé, e por algo muito superior a minha existência e ao meu umbigo!
Nunca, por nunca vou achar que sou uma desafortunada porque a vida corre menos bem, porque não sou!
Jamais vou ter medo de continuar, porque mesmo com medo vou lá ver o que se passa e o que é na realidade! Mesmo com receio do que possa encontrar quero sempre ver com os meus olhos, ouvir com os meus ouvidos e sentir com o meu coração e alma!
Hoje é a pedra para o amanha, o degrau para o amanha!
Ontem foi para hoje, e amanha será para depois
uns degraus são pequenos e confortáveis, mas outros são escorregadios e grandes como a merda! Até faz doer o cabrão do joelho que anda sempre a saltar!
Mas eu subo, ó se subo!
Não quero riqueza, não quero luxo, se vier fixe, se não, tudo ok!
Quero deitar a cabeça na almofada e dormir com a certeza que não tive que jogar sujo para ter nada na vida
com a certeza que dei de mim o que era necessário, com a certeza que a minha passagem por aqui será para fazer bem, e não mal
Se magoei por não corresponder ás expectativas, desculpem, mas deixei claro que sou assim, tempestuosa, imprevisível e jamais conformada! Ou tudo ou nada!
E foda-se, estou de volta com um sorriso nos lábios!
Sandra Duarte Cardoso
De ti para mim...
There's so many people to love in my life
But why do i care about one?
They say if you love somebody you have got to set them free
But I'd rather be locked to you then live with this pain in me
And it's so hard to do
And so easy to say
But Sometimes
Sometimes you have to walk away
Sometimes you have to let them walk way
Segunda-feira, 3 de Outubro de 2005

Gostava que a vida fosse uma enciclopédia
onde cada dúvida pudesse ser tirada com a simples procura do tema
uma espécie de Internet, motor de pesquisa
Não diria exactamente a resposta, mas daria algumas pistas para como fazer isto ou aquilo
Se devemos dizer tudo, se devemos guardar para nós, se devemos ficar exposto totalmente, se devemos usar defesas, se devemos viver abertamente ou ser concha
Não acham que estamos demasiado ao sabor da maré? Só com algumas dicas dadas pela vida e pela maturidade que quando chega, já é tarde demais, e já não temos tempo para viver, porque o tempo findou
Ando sempre a dizer que temos de viver o dia a dia, dizer o que nos vai na alma e no coração, abraçar os que amamos, acariciar os que prezamos, falar com os que admiramos
olhar para a beleza, ajudar os que precisam, mudar o que esta errado, ser quem somos, sem mascaras ou armaduras
Mas existem alturas que olho em volta, e vejo gente magoada comigo, amigos que afinal não queriam ser amigos, amigos que cobram de mim o que não posso dar
Família que cobra e grita que nunca lá estou, que ando noutro mundo
Que só tenho tempo para mim
Hoje, olho em volta e percebo que não disse tudo, que deixei tudo pela metade
que tenho medo não sei do quê, que por mais que diga que não quero mentira, ela insiste em instalar a desconfiança e a instabilidade naquilo que acredito e amo
Acontecem coisas que não entendo
tenho coisas que não quero, que não pedi, e que sempre disse não querer
Ando a deixar tudo pela metade, as palavras, os dias, os sentimentos
Só queria saber o que fazer para mudar isto em mim, para perceberem que sinto, que sou afectuosa por amizade e carinho, que sou apaixonada por amor e vontade, que não faço o que não quero, que não aguento fretes, e que só estou e faço por vontade própria e absoluta!
Olho para mim e fico irritada porque estou triste e não posso!
Não posso porque não é justo, tenho tudo! Não posso ser injusta ao ponto de sentir que não tenho nada
e aqueles que os filhos lhes morrem nos braços de fome
e aqueles que tem dores, que têm fome que têm medo
que EGOISTA que sou
Tenho tanta coisa, e a maior de todas, vocês os meus amigos a minha família, que enchem os meus dias de alegria, de esperança, que limpam as minhas lágrimas, que estão sempre lá, quando preciso de chorar, de gritar, de desesperar, de sentir, de rir, de amar, de cantar, de dizer tudo, mas tudo o que me vai na alma
mesmo que já seja tarde, vocês ouvem sempre, e fazem sempre que eu sinta que amanha vai ser melhor, porque estamos todos juntos!
Que partilham comigo cada minuto das nossas vidas, que fazem sentir que nunca estou só, e que tudo têm uma resolução
Aos amigos de hoje, aos de ontem, e aos de um dia
Adoro-vos
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Sandra Duarte Cardoso